sexta-feira, 17 de maio de 2013

Saudade

I. Eu não sei lidar com a saudade.
A falta das coisas que deixei pra trás como o resto de janta de um dia farto de comida me dói demais o peito. Há tanta travessia no mundo que talvez mais livre seja aquele que decide se prender a algo do que aquele que se abandona no devir. Sei lá, quem garante que estar preso não é também estar no devir das coisas presas?
Sinto saudade e dói.
Sinto saudade e bebo.
Dói e bebo. Mas sempre dói, e daí sempre bebo. Loucura!

Mas a saudade? fica. Não vai embora.



II. Sinto saudades de tua face branca, de teu olhos negros, de tua boca vermelha, de teus cabelos ondulados. Sinto falta de como isto se harmoniza tão bem em você.
Sinto falta do teu corpo vestido de mistérios e imaginação.
Falta do teu cheiro que nunca foi meu.
Sinto falta das coisas que não vivemos e que poderíamos ter vivido. Dos amigos em comum que poderíamos ter criado.
Sinto tanta falta que me dói o peito não ir almoçar em tua casa todo domingo, de não andarmos de mãos dadas pelas ruas da cidade...
Como dói, como dói a saudade das possibilidades perdidas, dos horizontes escurecidos, dos sonhos liquefeitos em lágrima.
Como dói sentir tua falta, Moça. 
Como dói.

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