segunda-feira, 25 de junho de 2012

Nossas dores



Meu bem, não te aflijas,
que a dor indefinida de teu peito
incide sobre o meu qual tocha acesa...

Estou aqui contigo, meu bem.
e comigo aqui estás, disso eu bem sei...

Não há nada a temermos em pavor.
O nosso único mal é esta distância
virulenta e maldita.

Se de teus olhos brotam lágrimas negras
e se a carne vermelha de tua boca tremula,
mantém-te serene, amor meu.
Mantém-te calma ao passo meu,
que já lhe corro em apressados passos.

E na calada da noite surjo,
a tocar flautas e odes a ti.
Abraço-te e faço com que teu pranto cesse
- e toda dor que nós temos se esquece-
na opulência do nosso sorrir...

domingo, 24 de junho de 2012

Propriedade

Mulher, tu me possuis...
Não há céu azul, ou cinza nuvem,
que desperte no poeta
mais desejos que a tua posse...
Tens o dom intrigante
de beijar com o corpo.
Deixa-mes louco ao volver
os olhos para minha face...
E não há mais temor,
não há mais impasse
quando me possuis e me fazes
de brinquedo amoroso.
É o que mais quero, meu amor:
ser teu passatempo preferido!
Ser o homem da tua vida eternamente,
ser o doce de tua língua veemente.
Ser o amante, de tua cama o mais querido!


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ser, e só ser


E até mesmo quando em ti em não penso,
estás em minha cabeça a todo momento.

Pois quando julgo em ti não pensar,
não é porque tu não ocupas o meu pensamento.
É porque em minha loucura
e em meus devaneios,
a dor de não tê-la em meio
desfaz meu discernimento.

E viajo, então solitário,
para os confins onde não sou.
- Só sou quando comigo estás.
Só ajo pelo amor que traz.
Só piso na terra firme em que você pisou...

Infinitude


Tu não sais de minha cabeça
nem por um segundo.
E na minha boca ainda sinto a língua tua,
e no meu peito ainda sinto o seio teu...

Sinto-me tomado pelo teu espírito,
como se fôssemos somente
a boca e o dente,
a unha e a carne.
Como se fôssemos um em essência de você e eu.


sábado, 16 de junho de 2012

O homem-que-ama


Não há nada que cale o coração do homem-que-ama.
Quem se apaixona se perde no achar-se em outro...

Não é um órgão que pulsa no peito deste homem!
É o próprio Amor, a canção pura da Felicidade!
E que falem, reclamem, exalem seus venenos!
O homem-que-ama não é medíocre,
o homem-que-ama não é pequeno...

Seus pulmões? é de rubor que se preenchem!
e seus olhos lacrimejam a água límpida da Vida!
O Amor é entidade na alma presente,
e a Tristeza não passa de transponível guarida!

E em sua cabeça há mais que coroas:
ela é feita daquilo que constitui nossa Lei...
O homem-que-ama é qual relva boa,
é macio, sereno, mais que tronos e reis!

Por isto é que desta forma eu sou!
O vosso poeta ama qual Deus à sua criatura...
Vê no seu Bem o Grande Bem que chegou
e tem no sorriso a brisa de leve candura!


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Um chá de flores



Um chá de flores contra o cinza-prédio de nossos corações!
Um chá de flores contra o cárcere turbulento das mansões!
Um chá de flores para a dor da perda, ou pra ressaca...
Um chá de flores pra cuca vazia, pra fome tapada co'a faca!

Um chá de flores brancas, rosas, lilases e magentas..
Um chá de flores pr'essa tarde mal-acabada, turva, cinzenta.


sábado, 9 de junho de 2012

Gosto


Eu não sei que força é esta que nos arrasta,
que nos transforma em seres únicos,
que nos mantém firmes mesmo em meio a tempestades...

Eu não sei que laço é este, meu bem,
que nos une de modo recíproco,
que nos une sem a obrigatoriedade do mundo.

Nosso caso parece uma valsa,
uma chuva que cai no telhado. Eu gosto.

Nossa força parece uma ópera,
me lembra Caruso, Surriento.
Tem gosto de livro com café fresco
ou requentado. E eu gosto.

Nosso sorriso me é um cântico sagrado,
o final da reza, o amém.
Lembra-me os tambores dos africanos.
Parece-me o fogo infinito
dos infinitos segundos dos anos. E como eu gosto.

Nosso afeto tem gosto de pão quente com manteiga
ou sem nada.
Tem gosto de chocolate, de coalhada,
de pêra, de pipoca doce. Eu gosto.

As boas coisas do mundo têm
para mim, meu bem,
o seu gosto e o seu cheiro.
Gosto de terra molhada,
de pimenta vermelha, de batata assada.
Cheiro do que é sempre inteiro.

E como eu gosto! E como eu gosto!


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Que amar é o único caminho



Teu amor é grande, eu sei...
Mas eu vejo a toda hora
tanta mediocridade no mundo
que morro de medo de perdê-la
para um outro conforto qualquer...

Eu ainda guardo
em minhas entranhas
o amor grandioso, meu bem...
Tentaram apagá-lo, mas em vão.
Tu és o meu novo combustível,
e que alegria é poder dizer isto!

Obrigado, obrigado, obrigado!
Tu estás do meu lado mesmo longe, eu sei...
Sinto-me rei, meu bem.
E te quero como minha senhora,
minha deusa, meu oráculo.

Tu és o meu devenir,
a essência de todo o empírico existente na terra...
És minha filosofia aplicada, minha quimera,
o cosmo ilimitado que me faz sorrir.

E por isso, ao andar por este mundo
onde os peixes não falam nem as árvores cantam,
deixo-me assim ser levado,
levado para onde tu me queiras ir...


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Saudades à noite




Ainda espero uma solução para hoje à noite.
Tu não estás aqui, meu amor.
E qualquer passo dado
é um aviso de dor...

Volte, eu lhe peço.
Volte com a prontidão de quem ama.
Estou braseiro, amor,
estou qual chama que não apaga.

E o frio que em nós desagua,
estando tu aí e eu cá,
faz-me pior e triste
com a vontade de não estar.


terça-feira, 5 de junho de 2012

Achados e perdidos



É no teu riso que me perco,
e no emaranhado de teus cachos é que me banho.
Pois ao perder-me, acho-me.
E achando-me, vejo em ti o meu contentamento.

E o amor que sinto aqui dentro,
neste peito achado e perdido,
é o amor que lhe quer em casa, em paz,
na quentura de amor amigo...

Senhora, delícia de minhas risadas,
em ti está as horas achadas
e também as perdidas...
Por ti, e mais nada,
me distraio na estrada e me perco na vida...

Senhora, é isto o que sinto agora:
a leveza de ser o que antes não era!
A certeza de que o passado não fora luz,
fora enganação...

Tu foste quem realmente me salvaste,
tu que, com teu riso de lua me encantaste,
iluminou-me a escuridão.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Lua de mim



Viu a lua, meu bem?
Branca como tu, bela como tu...

Senti-me tua noite, meu bem.
Senti-me a escuridão nos teus raios refletidos...
- A luz que refletes é tua própria, não minto.

Viu a lua, amor meu?
Tu me tiraste do breu do amor egoísta...
Tu me tiraste a tempo do andar vago e perdido.

E eu não minto quando digo
que és o motivo de minha alegria,
que és tu a delícia de meus passos degradantes.

Amor meu, meu bem,
minha lua no céu claro de tua própria emoção,
te louvo como louvo aos santos celestes...
te louvo e prostro-me nos altares do teu coração!


sábado, 2 de junho de 2012

Bom dia, meu bem




Bom dia, meu bem.
Espero que tenhas tido uma boa noite de sono.
Eu sonhei com você esta noite,
e já tenho saudades.
E já quero novamente teus beijos,
e já quero novamente teus laços.

Bom dia, meu bem.
Espero ansioso o dia
em que lhe acordarei com o café na cama...
Eu já sonhei com isso um dia,
e ainda hoje sonho também.

"Bom dia, meu bem!"
É o que quero dizer-te todos os dias,
é o que quero que seja corriqueiro
e essência de nós para sempre...

Bom dia, meu bem. Bom dia.
Agora tu és minha alegria.
Agora tu és o meu dia, meu bem.

Bom dia, meu bem. Bom dia.