domingo, 25 de setembro de 2011

Conjugação



Só ela tem o poder de encher-me daquilo que sempre sonhei.
Só ela tem o poder de fazer-me um menino novamente.
Só ela me faz achar graça nos sóis dos poentes
e a gostar deveras dos renomados poetas...
Só ela me faz andar por sinuosas linhas retas,
e a correr nos trilhos da ferrovia extensa de um olhar...

Só ela me fez escritor das ternuras do Amor.
Só ela é a conjugação do meu verbo de amar...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

[Sem-título]

Antes do menino ser poeta,
ainda pelo trocar de suas fraldas,
seu choro já mostra as dores futuras,
seu peito já pulsa o pesar de amor...

Antes do menino ser poeta,
quando rabisca a folha branca e diz ser poesia,
mal sabe ele da alegria em ter poucas chagas,
em não sofrer tantas mágoas dia-a-dia.

Porque quando o menino,
que antes não era poeta,
vê-se com o coração extravasado,
chora pelo início voluntário
na arte de amar um simples papel rabiscado.

sábado, 17 de setembro de 2011

Risada



Macacos pulam
Homens correm...
Velhos tremulam
mancebos morrem...

Eu sou poeta,
fazedor de poesia,
eu não pulo, eu não corro,
eu só vivo em fantasia...

E se vieres a dizer
que ainda sou jovem,
e que não devo beber da Terra a orbe,
eu digo: vá te foder, impropério,
de nada tu sabes.
Vá sentar no colo onde o fogo do capeta exorta,
onde o tridente do diabo corta
e ardes.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Poesia: arma de amor



Eu quero uma jaqueira no meu quintal.
Não sei porquê, mas esta vontade me toma o peito por ora.

Jaqueira frondosa, com belos frutos
rijos ou bem molenguinhos...

Jaqueira grande, de belo porte,
que me faça viajar para longe das buzinas
da corrupção,
do tiroteio das iniquidades.
Uma jaqueira que me deixe deitado sobre suas raízes
tão deliberadamente como nos seios de minha amada...

Eu preciso de uma jaqueira
e um pouco mais de paciência...
Mas paciência longa,
de quem espera da sociedade muito mais paixão.

Talvez assim eu sacie logo minha fome:
vendo nas ruas meninos que viram homens,
vendo protestos se darem Revolução...


Para Pedro, por nossas lucubrações noturnas