sábado, 16 de julho de 2011

Amor de Romântico





Eu só sei que é isso o que ocorre.
Nem paz, nem calmaria...
É uma perene guerra entre mim
e sua falta.
E então xingo, grito
e bato a porta do quarto à espera da queda dos muros.

A tristeza é inevitável
e a felicidade não "é só questão de ser".

Amor que é amor é duma tristeza crônica,
tristeza bonita dos românticos
- Aquela, que mesmo quando pelo choro alivia
e pela cama quente acaricia
cospe, bate e faz doer.

Saliva




Sudorese da língua.

domingo, 10 de julho de 2011

"Se tu queres que eu não chore mais"




Não chores
Tu és a alegria de minha casa
Meus meninos que correm fagueiros...

Não chores nunca mais por aquilo que é passageiro
por aquilo que não é peremptório
por aquilo que é corriqueiro

Teu olhar de euforia
com qual me olhas todas as noites
e todos os dias,
é a vontade de ser o que ontem fui: menino...

E os desatinos, que te põem a chorar de desespero
não merecem tua tristeza amargurada,
não são dignos do teu penar...

E pelo teu sorriso de volta em teus lábios
oferto minha alma as trevas de Ades
oferto meus pulmões às aguas de Iemanjá...

sábado, 9 de julho de 2011

Carta de Súplica




Poesia, mão desolada dos eleitos do sofrimento
e do ócio de amar
Vós que sois o amparo
e as asas que aquecem aquele que não possui um amor

Lhe suplico, oh grande entidade benfazeja
Lhe suplico que não me deixes...

Agora tenho um amor, bem o sei
Um amor que me é suficiente
Mas tu, doce ser inerente aos homens
Tu dás a capacidade de ser o mais rico
dentre os que clamam

Poesia, faze de mim teu instrumento
Faze de mim tua casa
Faze de mim tua espera, que veemente de exaspera
e te compraza...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Meu eu-lírico não nasceu para o amor

Abandonei todos ou outros
que um dia já me fizeram alegria
Eu tinha um amor
e nele depositava todo o meu apontamento

Amor de verddae, de gente branca
Amor das veredas sem ópio
e das esquinas com luz

Eu depositei, repito, toda a minha força motriz
Mas antes da aurora de minha vida
sem a Poesia - sonho de todo poeta
eis que a dor do abandono
qual faca de vil engano
cravou-me o peito, reta

E minhas córneas já não mais viram
o sabor doce que é amar
Os demônios da noite aplaudiram
a derrama de sangue em meu agora morto peito

E o desfeito daquela que julguei
ser a mulher de minha vida
foi quixotesca traição
como aquela de lua para mar

Hoje já não quero mais o amor
nem mais as alegrias que supostamente me traz
Amor é capaz de ferir
Capaz de chorar, de sorrir
De acabar com toda a pureza
que em mim existia há tempos atrás...