segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Meu lado negro, podre, sujo...





O verdadeiro poeta
é aquele que sofre
é aquele que morre
e inventa seu próprio devaneio

Pobres poetas perniciosos
que magoam e ferem pelas palavras
que beijam corações e se dizem amigos
mas que os dilaceram por trás
com afiadas facas

Ame uma, duas, três ou quatro
Invente a dor para escrever melhor
Invente a angústia e seja falso
que aí o poeta encarna em você

De que me vale amar unicamente
e ser solitário por entre as vielas de minha alma
se posso tentar um amor de repente
e voar ao mais alto das escadas rolantes?

Louco, louco, louco!
Inconstante, galinha abobalhado!
Sou quimera viva, inebriante
Modesto pasto do cerrado
Me chame de tonto
besta cegueta
Me chame de favo de malaguetas
De conto repetido do vigário!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minhas seis horas da tarde




Pior hora do mundo
quando o Sol não sabe se fica
e a noite nao sabe se vem

Eu, com eles, marasmado
não crio nem sou inventado
não acendo nem apago
o comprido charuto de morte

Seis horas da tarde
Que não é dia nem é noite
Eis a pior hora do dia
Sem calor ou dor
Tudo frio, azul e branco
as nuvens vão escondendo o sol
que teima em ir por si só
E as estrelas brilham para a lua entrar


Seis horas, abençoada seja
É aí que eu não amo
nem odeio
Não vivo nem morro
É aí que sou um qualquer
a ir ou vir, sem cessar...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Narguilé



Eu estou aqui
fumando meu incenso indiano
apenas pelas narinas

O cheiro da madeira queimada
lembra-me, e muito,
o odor de meu coração apaixonado...

A cachoeira de vapor
escorre rapidamente para cima
Como a dar saltos longos
a correr para meu nariz

Trago, mas só o ar
que está em volta
E creio que este seja o pior
Cheio de pensamentos e desejos malévolos

Quero apagar tudo isso
que acabo de escrever
Mas qual a graça
de ter sempre o poema perfeito?
Deixo, então, não o poema
a ser lido
Mas minha dor de amar
e não ser correspondido...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Estou perdido - tradução poética de The Scientist, Coldplay

Estou indo te ver, te pedir desculpas
por não ser tão adorável quanto você
Na verdade eu precisei ir até você
só pra dizer o quanto eu te amo
e o quanto sinto por estarmos separados
Me conte seus medos, suas dúvidas
Vamos! vamos começar pelo começo...

Não adianta andarmos em círculos
A razão não aquece o coração de ninguém

Nunca disse que seria fácil
Distantes então, tudo piora...
Nunca disse que seria fácil
Mas não sabia que seria tão difícil
Por favor, vamos começar pelo começo...

Joguei números
tentei ver nosso amor escrito
Mas isso não é tão emocionante como teu sorriso
não fala tão alto como teu abraço
Diga que me ama, por favor
Comecemos pelo começo...

sábado, 6 de novembro de 2010

É meu sonho, é mentira

Olho firme para teus olhos
escondendo o medo terrível
do teu possível desprezo

As luzes da casa
deixam minha esperança fria,
quase morta

Meus poemas
nuncam foram tão decadentes,
nem tão reflexos de mim mesmo

Tudo conspira ao nosso favor
E isso dá a força
que me faz continuar

Mas não sei se aguento
sofrer mais uma vez
por uma coisa tão injusta...

O amor. Ah, o amor
Ele podia se matar...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fere e mata




Para que acordar
se terei que pensar em ti?
Para que acordar se
você não estará junto a mim
quando eu chamar teu nome?

Para que levantar
se não serão os teus pés
que irão me guiar?

Para que falar
se não será a tua boca
a me conduzir?

Não sei...
Não sei por que viver
se teu peito não bate compassado ao meu
no mesmo vai e vem
de amor e desejo

Pra que amar
se amar dói tanto?
Por que sofrer
por alguém que já ama outro alguém?

Maldito coração
Te feres e machuca todo meu corpo
Maldito coração
que não pede para amar
e que ama sem saber
quem está amando

Te odeio, amor
como tenho odiado a mim mesmo, ultimamente
Mas basta, somente
que tu me venhas correspondido
para que eu te coloque de novo
no teu altar
reservado em meu peito



Para Y, com um amor que supera a dor que mata

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

É assim mesmo

O amor ri da gente
nas noites e nas manhãs primaveris
onde a dor se acomoda mais depressa
Como é doce a dor de amar
Como é doce o sofrer que nos transforma
em bêbados desvairados

Quero, ó Deus, sofrer eternamente
pela musa inexistente
que principia minha dor
Quero, ó Deus, não a cura imediata
Quero, sim, a dor que mata
Quero, sempre, a dor de amor


Para Y

Meu mal do século

No meu frio quarto
acendo meu velho charuto
como a dar despedidas a um velho amigo
Vivo intensamente
os instantes ligeiros do meu mal do século
Trago devagar
deixando a fumaça alcançar meus olhos
e os fazer cuspir
sobre minha face obscura
Preciso aproveitar minha tristeza
enquanto a alegria
não retorna da viagem
Junto ao fumo
bebo o whisky que mamãe me deu

E vou dizendo adeus
E vou dizendo adeus

O caipira e sua canção desvairada do exilío




Minha terra tem mandioca
e café e cana doce
tem enxada e foice afiada
como os olhos de qualquer vizinho

Meu sítio donde trabalho
dá mais fruto do que a vó
E não tem máquinas mecânicas
que separam o homem da terra

Meu trabalho é duro, árduo
não é como na tua terra
O estrangeiro me sufoca
e me tira a pá das mãos

Lá não toco na batata-doce
na jaca, no melão
Lá não tenho a licença poética
de arar com as unhas grandes
Lá não piso com os pés
- eles são todos de ferro ou dum diabo qualquer!

Minha terra tem serviço
pra homem, mulher e criança
Tem mato grande e carrapicho
pra deixar a calça enfeitada
Tem cigarro de palha e rapé
que ajudam na dor da Derradeira

Tem labuta boa
cantada por cururu
Tem o senhor Jesus
e o Cruzeiro do Sul

sábado, 18 de setembro de 2010

Bom dia, Tristeza - Vinícius de Moraes




Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui, nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A doença do poeta

O meu ofício é inútil
Os homens não têm alma
Para a linguagem dos poetas

Rimas ricas ou vazias?
Balbuciar é o mesmo!

O mundo dos poetas
É o nada
Cheio de dores e paixões doentias

Nossos poemas servirão de contos
Ou anedotas
Aos mais retardados de inteligência
Nosso trabalho de sonhador
Não tecerá o eterno de nossas palavras não ditas

O meu ofício é inútil
Dele foge o bom-senso e a razão
Mas é com ele que me sustento
É ele o meu alento
Na luz, nas trevas e na solidão

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Führer Führer Führer

Escolha mein Führer
Preto, branco,
Vermelho ou de Vênus
Ainda sou tão pequeno
Escolha-o por mim

Mas não o deixe pisar nos homens
Nem sentir-se o próprio Zeus
Como fazia um certo Führer

Escolha mein Führer
Saudando-o com -Heil!
Ainda sou tão pequeno
Saúda-o por mim

Mas não deixe o Führer perceber
O teu grande medo
De o escolher por mim

Escolha mein Führer
Sorteando-lhe de homens brandos
Para que contraste comigo - ainda sou tão rude!
Sorteie-o por mim

Mas não deixe
Que mein Führer não queira
Diga-lhe que seu Führer o chama
Diga isto por mim

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vontade




Que eu comece novamente com um pedido de desculpas: perdoe-me, amiga. Perdoe-me por não te amar em outra vibração, perdoe-me por não beijá-la nem abraçá-la como talvez você quisesse. É que eu sou tão imaturo ainda! Juro-lhe que eu queria, mais que tudo, neste momento, te amar como um homem ama uma mulher, mas ainda estou amando como um amigo ama uma amiga. Sei que isso é bom, porém não o bastante pra você agora. E lhe rogo o perdão por não me declarar virtualmente, por não lhe ligar para dizer que eu quero ficar com você como um homem quer ficar com uma mulher, por que ainda quero estar contigo como um amigo quer sua amiga. Você sabe o porquê de não estarmos juntos, e mais do que eu, sabe o quanto isso dói. Perdão pelo meu coração firme na indecisão. Eu queria que ele voltasse ao normal o mais rápido possível...
Não chore por mim, por favor. Nem fique triste. O que há de mais belo em sua face são esses olhos quando sorriem para mim em vez de tua boca. Deixe que eu chore por mim, você não merece derramar uma lágrima pelo que está acontecendo. O culpado sou eu, que não estou lhe atendendo. E repito que eu queria, queria muito mesmo. Queria ser teu Tristão e queria que você fosse minha Isolda, mas por enquanto somos Guilherme e Você(C)...
Mas agora, pelo menos, nossa amizade está voltando ao normal. E isso prova o quanto somos fortes juntos e que não caimos por qualquer coisa (não que essa paixão seja qualquer coisa).
Só lhe peço que continue a sorrir com seus olhos pra mim e que me dê aquele abraço de urso me chamando de Gui. Mas estarei, também, quando precisar de um abraço para chorar...conta comigo como eu conto com você, aí talvez você veja como eu te amo.
E mesmo que fiquemos só como amigos, espero ainda, se nossa velhice for solitária, que possamos morar no mesmo asilo e jogar cartas juntos (e você vai me ensinar, porque eu não sei); e que, quando jovens, possamos ter um filho por inseminação artificial caso não tenhamos esposa ou marido...
Eu te amo, minha amiga, e quero você sempre ao meu lado, porque sem você, porque sem amigos, eu não sou ninguém...
Te amo


Para C.

sábado, 3 de julho de 2010

Um amor para não-sei-quem




Se você quer ser feliz como me disse
Fique comigo, fique
Eu preciso de você

Você é minha fonte
Meu Sol, minha noite
Meu farol na escuridão...
Eu preciso de você

Você é meu complemento
Meu sustento
Meu cajado na dor
E na alegria minha paixão...
Eu preciso de você

Agora mais do que nunca
Há tempos te espero
E você não vem...
E eu preciso de você

Por que você é luz e treva
Dia e noite
Sal e água
(Terra e água)
Meu porto seguro
Minha estrada sinuosa
Meu vôo sem asas...

Além do Amor - Vinícius de Moraes




Se tu queres que eu não chore mais
Diga ao tempo que não passe mais
Chora o tempo o mesmo pranto meu
Ele e eu, tanto
Que só para não te entristecer
Que fazer? Canto
Canto para que me lembres
Quando eu me for...

Deixa-me chorar assim
Porque eu te amo...
Dói a vida
Tanto em mim
Porque eu te amo...
Beija até o fim
As minhas lágrimas de dor
Porque eu te amo além do amor...

sábado, 26 de junho de 2010

Desabafo

Algumas pessoas não sabem amar
Ou melhor, não amam
Se dizem maridos, esposas, namorados
Mas não lhe permitem olhar para o lado
Nem abraçar teu melhor amigo

Ciúme é a maior burrice de um homem
de uma mulher
É achar-se dono do outro
É subjulgar o outro
É falta de confiança

Vejo então rostos tristes
e com vontade de chorar
Mas o ciúme não deixa eu consolá-los
nem ao menos abraçá-los

Eu quero que se dane pessoas egoístas
que tiram meus amores de vista
que proíbem minhas amizades
Isso não é amor
Isso é possessividade

Mas cada um sabe o que quer para si
E não fico triste com isso
Seja homem
Seja mulher
O amor suporta qualquer privação
E nenhuma amizade minha
o egoísta enfraquecerá
Pois em amo em plenitude
e ele nem sabe amar...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Amiga




Se do teu riso eu for causa
E do teu choro o ombro
Serei na chuva tua casa
Da agitação teu sono
Quando quiseres a minha asa
Que faz-me voar sem censura
Prova também do meu mel
E da minha negra loucura
Ser teu amigo é dádiva
Escorrente do cálice dos deuses
É como o Sol
Que vai e volta
Cheio de encontros e adeuses...


Para Carla Luz

sexta-feira, 18 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nas escuras madrugadas do meu quarto




Eu quero dormir pois a noite é curta e o cansaço é muito...
As dores de cabeça não ajudam nem um pouco. A vontade de estar perto de alguém e longe de mim mesmo corrói toda a minha paciência.
Os cigarros fictícios já não comprazem minha dor... e a dependência, que nunca existiu, começa a desaparecer, e minha imaginação, que está junto a ela, vai pra talvez não mais voltar.
Eu só quero uma senhora, ou um senhor, que eu possa comprar flores e charutos; que eu possa, juntos, contar os infinitos grãos de areia do mar. Mas nada é como tem que ser. Mas como tem que ser?
O amor nunca me foi algo bom. E talvez nunca seja.
Não gosto de estar na solidão deste frio quarto. Porém eu preciso aprender. E aprender dói. Que as feridas cicatrizem o mais veloz possível.
E que, quando eu achar o meu bem, que eu ainda sinta as dores das sequelas sentimentais, para que eu não esqueça do quanto ele vale a pena.

Mais uma de amor. Mais uma de dor



A lua cheia iluminava o meu amor
Na primavera
E a menina, deusa, flor
Amante, amor
Figura bela
Dizia coisas pro meu coração
Atordoado
E o flagelo dessa dor se dissipou
Pra todo lado
Espalhando meu sangue já frio...
Mas, como estiver meu coração,
Quero cantar uma canção,
Triste
E sem rima.

Poema de Antônio Barreto




Apenas aprendo
No céu dos astrônomos
uma frase feita:
'quero compreendê-la'.

Porque nada leio
No céu dos astrólogos,
A não ser teu nome
Em cada estrela.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Lição dolorida, porém lição




Hoje eu não vim fazer poesia.
Eu vim contar uma lição que eu tive e espero que seja proveitosa pra gente.


Esses dias têm sido uma merda pra mim. Tenho me sentido péssimo, triste, infeliz e sem motivo algum pra sorrir pra alguém.
Meus grandes amigos estão distantes. Na verdade são amigas. O problema é que uma se apaixonou por mim e eu me apaixonei pela outra. Eu ferrei com tudo. Mas eu não queria, não queria mesmo ter feito isso.
Eu as amo. E muito mesmo. Nunca me dei bem com duas pessoas tão rapidamente como com elas. E todo esse afastamento, que eu espero que seja passageiro, tem me doído muito.
Se ao menos eu pudesse gritar... mas não posso, e não quero. Quero e vou passar uma imagem de forte, de insensível, embora todos saibam que eu não sou nem um pouco.
Eu só queria agora os ombros que me consolavam nas desilusões e que me faziam sorrir no carro. Queria somente chegar quinta e ficar conversando até as tantas da noite depois do centro; queria voltar a pegar carona aos domingos depois do coral só pra ir pertinho dela, conversando sobre as mais idiotas e sensacionais coisas...
Mas essa porra desse sentimento chamado amor só tem ferrado comigo. Queria eu estar apaixonado pela minha amiga para poder ficar junto a ela como dois amantes. Mas agora eu estou fraco em relação as minhas próprias cores. Que por sinal, já estou de saco cheio.
Por vontade própria eu decidi me afastar dela, visando assim sua melhora de mim. Mas como isso tem sido difícil!
A "amiga" pela qual estou apaixonado, não seria diferente, não sabe como agir comigo quando me vê. E eu estou sem ninguém. A única e parte integrante e insubstituível das minhas amigas que tem me ajudado de forma direta é a Flor. E a ela devo todo esse meu ombro duro pro que der e vier...
Não vou escrever muito porque já estou morrendo de dor de cabeça.
Só queria que ficasse claro o meu amor por todas essas três pessoas. E tirando a Flor do círculo só nesse momento, pedir perdão a elas por tudo que eu possa ter feito para magoá-las de alguma forma. Desculpe-me mesmo, minhas amigas, por esperar demais de uma e por não corresponder as expectativas de outra.
Mas creiam que eu já estou melhor, e ficarei. Só falta agora deixar de ser imaturo, chorão e indecididamente decidido.

E então, AMIGA... embora eu não ache que haja nada a ser perdoado, eu lhe perdoo, já que é isso que você quer ouvir.
E também lhe peço o mesmo: ME PERDOA?
E espero que assim possamos todos sermos amigos como éramos antes e rir das bobeiras doídas do passado.

sábado, 5 de junho de 2010

Amor que difere




Amigos
E paixões: isso nunca dará certo
Nunca houve uma combinação
Pelo menos não comigo...
Gases nobres não se misturam
E isso não é muito bom.

Antes fosse uma baderna
E todos fossem correspondidos
Esquecidas fossem as desilusões
E os amores sentidos no momento.

Entregar-me-ia no mesmo instante
E não mais sofreria
Como ando sofrendo.

Ela me quer e eu o quero
E isso tudo é muito confuso
Não para mim, que sou
Mas pro outro, insensível.

Deixa eu sofrer um pouco
No momento
E talvez eu volte a amar
Como deveria...

Sentimento preconceituoso




O amor sempre nos confunde
Ele é preconceituoso
Permanece em mesmo gênero quase sempre...
Mas, às vezes, alguns fogem do comum
E abrem as portas do peito
Para a pintura com novas cores.

Descobrem assim novos estilos
E as telas se modificam
Uns aprovam e outros não
Mas já está pintado agora
E não há mais volta.

O maior problema é a exposição
E seus tomates podres e fedorentos...
Mas já está feito o artista
E não há mais volta.

Para M.Z.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Se me amar dói, me odeie, por favor

Queria que o amor não existisse
Que os amigos não se amassem
Que não existissem desilusões
Porém não posso fazer nada

Não foi rejeição
Não te rejeitaria nunca
Não da forma que acho ser rejeição

Se te sentes assim, perdão
Eu não valho tanto a pena
Não mereço um milésimo de sofrimento
Sou uma criança, apenas

E talvez isso seja o pior
Mas não se machuque, por favor
Ao menos fisicamente
Já que emocionalmente é impossível que isso não ocorra

Não preocupe teus pais
Não preocupe ninguém
Deixa isso só comigo
Acho que eu mereço

Quando dizes que de ti morrera um pedaço
Digo de mim morreram dois:
o teu e o meu
Pois és minha amiga e
Minha amiga sou eu

Descanse mas não fique em casa
Páre de escrever
Isso torna tudo muito pior
Estou pensando em fazer o mesmo...

Eu só queria que você enxergasse suas próprias cores
Queria que você as visse
Como, ao menos, eu vejo
Pois é por elas que te amo

Suplico-lhe que veja as minhas
também
São opacas e sem muito brilho
Mas eu sou assim mesmo
Criança, imaturo, sentimentalista e chorão

Quem sabe um dia cresço
E tudo seja melhor, espero
Mas não valho a pena, repito
Não valho a pena.

domingo, 30 de maio de 2010

Sentidos de uma poesia idiota

Cheiro, gosto, vista,
tato...
Poema morto, torto
Chato...

[Sem Título]




Criativo nem um pouco
Eu, inventor do que já existe!
A dor, o escuro, o amor, o tumulto
Já existem! Já existem!

A musa que me alegrava
Hoje me desperdiça
Em poemas de dor
Cheios de chagas e feridas abertas

Todavia creio ainda existir em mim
O sentimento mais belo
Pai de todo universo;

Creio que a musa voltará
E se entregará como nunca fez...
Enquanto isso finjo psicografar
A dor que deveras é minha
Enquanto isso tento culpar
ao outro
Pela dor que deveras é minha

Confusões mentais rotineiras




Se o para sempre fosse sempre
e o amor eterno
Eu vivereia eternamente
e não haveria inferno

Se o para sempre fosse eterno
e o amor fosse sempre
não mais ficaria triste
não mais ficaria doente

Mas o sempre não é sempre
nem tão pouco eterno
Não viverei eternamente
e ficarei no inferno

Pela Rua - Ferreira Gullar




Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Amigos, vos amo!

Que doce salgado é a paixão
Que apodrece e dilacera corações
Sensíveis, amantes, amáveis...
Mas que formidáveis consolações
São essas que vêm de toda parte
Vêm de seres simpáticos, amigáveis
Que te alegram com arte, com vida
Ofereço-lhes, amigos, margaridas
E música para os ouvidos
E mel para suas bocas...
Agradeço-lhes pelas amizades loucas
Das quais eu nunca me esquecerei
Sejamos, amigos, como rainha e rei
Rainha e rei, mas como Tristão e Isolda;
Sejamos o doce voo da borboleta
E as delicadas asas da mariposa.

Para Flor e Carla

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Que merda de texto, merda de tudo!

Não tenho me importado muito com o que os outros pensam, às vezes nem os ouço falar...
Tudo me remete a você, exclusiva e unicamente, de forma tal que te encontro, agora, em todas as formas possíveis: geométricas, abstratas, psíquicas e outras quaisquer.
Porém não estamos mais juntos, não fisicamente. Não posso sentir as quentes maçãs de teu rosto, nem o doce mel de teus sensíveis lábios.
Mas eu tenho alguns amigos para chorar, e embora, talvez, essa não seja uma atitude madura, assim a tenho feito constantemente, isoladamente, fora do mundo.
Quando me pergunto: porquê acabou? ou melhor: porquê não permaneceu? não sei responder. Não há resposta. Ou ela não foi devidamente exposta como merecia.
A paixão é traiçoeria, e puxa, de todos nós, o tapete sujo e infame da ilusão quando menos esperamos; quando estamos tentando levitar, alcançar o máximo do possível.
Amo, e queria não amar. Não assim, desta forma tão bela e idiota, que me torna tão patético e sensível ao extremo de escrever! Oh, Deus! Escrever! Acho que esse é o fim...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Ame, ame, ame! Como é bom amar!




Viva Deus! Viva Jesus! Viva a Doutrina dos Espíritos!

Viva o amor! Viva o Progresso! Viva Allan Kardec! Viva todos nós!

Deixemos de uma vez as teias grudentas da matéria para que possamos alcançar mais depressa o sublime Amor; deixemos para trás a vulgarização da mulher entrelaçada ao machismo do homem e todas as consequencias sociais causadas por isso; deixemos o assassinato, o aborto, o suicídio: viva a vida! Aproveite-a. Embora ela não seja a única oportunidade não vale a pena deixar para depois...; deixemos também o consumismo e as desigualdades sociais: enquanto você tem três pares de sapatos ou mais, existem irmãos que não têm um!; deixemos as chagas da Humanidade, o orgulho e a vaidade, de lado, e olhemos mais em torno de nós; amemos ao outro como amaríamos a nós mesmos, ou como gostaríamos que fôssemos amados, obedecendo assim ao mais poderoso ensinamento do Grande Irmão!; deixemos, então, a idiotice do racismo e toda sua prepotência: somos todos filhos do mesmo Deus!; deixemos, então, a ignorância da homofobia e toda a sua maldade: viva o casamento entre irmãos e irmãs do mesmo sexo! Viva a felicidade e a exaltação do Amor nas suas diversas formas!; deixemos, então, o bossal preconceito religioso e vivamos de uma vez por todas os ensinamentos do Mestre: a Verdade está em Deus. E Ele não tem religião!; deixemos, portanto, para o outro o que é do outro e façamos a nossa parte: cada qual em sua minoria será tão importante quanto um grão de areia o é para a praia!

Vivamos o Amor, para o Amor e com Amor: e assim, enfim, este planeta de provas e expiações tornar-se-á um belo planeta de regeneração, onde viveremos para servir a Deus, ao Cristo e ao próximo.







Guigonto Otnogiu (pseudônimo)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Espera costumeira e dolorida



Ouvindo esta marcha fúnebre
Da morte do meu coração
Fico imóvel, sem ato.
Não há o que fazer, de fato
Ou pensar, ou agir.

Me resta agora só esperar
Esta impossível paixão ir embora,
Partir...

Carta de um possível poeta a Srª. Amor


Querida amiga
Lhe escrevo para dizer tamanha notícia:
Te amo.

E já basta...

Mas não me abandones
Nem me deixes mais ficar sozinho.
Fique comigo só mais uma vez
E deixe-me te amar
Como eu sempre quis, como sempre desejei.

Deixe-me beijar-lhe a face
E dizer-lhe palavras bonitas
De um possível poeta.

Te amo, menina
E embora nem saibas
Sinta toda a energia
Desse pobre coração
Que é de um possível poeta...

[Sem Título]

Sentimento comum
Que sinto constantemente.
Mas com você, acredite
Está tudo muito diferente.

Meu peito se aquece
Sempre no exato momento
Em que eu vejo você
Em fotos ou pensamentos.

Só queria poder te ver muito mais
E acalmar as labaredas que me queimam.
Queria poder te abraçar e beijar
Como dois belos amantes se desejam...

[Sem Título]

Da onda azul que brotou de tua face
O calor do céu pousou sobre meus lábios.
As cobras amigáveis dos teus cabelos em minha nuca
Diziam-me uma linguagem desconhecida.
Mas a cabana que lhe ouvia
Lhe ouvia atentamente dizer palavras de porte exótico.
Assim você se infiltrou em minha mente
E pulsou na minha veia
Esse teu sangue tão caótico.

Transformou-me em teu eterno servo
E mostrou-me o sofrer de amor.
Despiu-me como quem despe uma criança
E fez-me dormir dentro de teu próprio corpo.
A carne fria, todavia quente
Dizia a mesma coisa, novamente.
Assim você se infiltrou em minha mente
E pulsou na minha veia
Esse teu amor tão quente.

Não vou tentar jamais, não vou tentar
Deixar de ser o teu eterno escravo.
A branca areia movediça do teu quarto
Ainda me espera toda noite.
Não fujo nunca mais do meu açoite
Nem do roto cara que me transformaste;
Não fugirei do Sol, da areia quente;
Não fugirei da Sombra nem da tempestade...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Amor

Não sei..
Sobre ele não se fala.
Ele fere,
E regenera.
Ele magoa e mata...
Ele traz a esperança
E quando quer, a tira.
Ele apunhala pelas costas
E lhe oferece a mão amiga.

Seria bom que não existisse
O amor em forma de paixão...
Menos um veneno seria
Para o pobre coração.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Idiota!

Extremamente secreto,
Xadrez-amarronzado casaco vestia.
Usava junto a este lã de aço,
Que em forma de toca seu crânio cobria.

Exprimia o ar superior
No xeque-mate de todo santo dia.
Não era a humildade sua aliada.
Soberba pura sua pele expelia.

Porém cansado dessa vida fútil,
O mal dos outros ele não mais queria.
Agora prejudicaria a si mesmo.
E ele estava ciente das coisas que fazia.

Logo ato de coragem ele cumpriu.
Ato de coragem, também de covardia.
Suicidou-se, jogando-se do apartamento,
E caiu na avenida atrapalhando a via.

domingo, 28 de março de 2010

Poética I

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espço:
-Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes