quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pelas tardes que me deixaste (Saudade I)



Sinto saudade dos teus olhos
que penetram os meus em celeste claridade
Sinto saudade pelos domingos a tarde
em que não a vejo.
Saudade também do nosso desejo
profano, divino,
de quando éramos ainda duas crianças...

Sinto saudade das tuas esperanças
de casamento sacro e duradouro.
Saudade das ilusórias alianças de ouro
pra um amor que é, e sempre foi
tão real...

Saudade das nossas lutas com o mal
da não fé, do fanatismo.
Saudade dos teus incensos esotéricos
e das saias que ainda rodam em minha mente.
Saudade da boca sorridente
que me possui em ardilosos beijos...

Saudade do que te completa
do que te torna reta
do que me deixa roto...
Tu foste e ainda não voltaste.
E temo, ao decorrer das tardes,
em tua volta achar-me morto.

Pois nessa nova névoa
que em densas brumas tem se revelado,
ainda espero, sem carne,
a tua chegada...

Abro os olhos ao som
de qualquer pegada
e as pupilas vibram a cada ponto de luz...

A claridade que sempre me amara
faz-me, na falta de mim,
escravo morto-vivo, sem escamas
preso por um só prego na cruz...

Nenhum comentário:

Postar um comentário