domingo, 30 de setembro de 2012

Último canto à Morena do Jongo




Hoje me venho despedir.
É meu último canto àquela que me fez
brilhar os olhos por tanto tempo...
Hoje eu decidi partir,
deixando livre a tua formosura, a tua tez
desvairada que me era tão alento...

Nunca mais louvarei a ti, Morena do Jongo.
Nunca mais estraçalharei meu coração
com poemas joviais e de utopia...
Tu me deste de presente um grande tombo,
uma grande queda na oscilação
das tormentas que me tiram toda a alegria...

Que tu não me amas bem o sei,
mas é sempre bom a loucura de uma invenção
porque nem só da concretude vive o homem...
Mas esse teu desprezo quase-lei,
esse asco de teus olhos que consomem,
foi deveras vil, grande facada e dilaceração.

E, muito embora por ti o coração tolo do poeta ainda palpite,
estou decidido a nunca mais sonhar com tuas saias,
a nunca mais querer o cheiro dos teus cabelos...
Minha paixão será consternada,
será o filho trancado em seu quarto por castigo,
o uivado da Tristeza por sua grande solidão...

Este é teu último poema, Morena.
Este é teu último hino, teu último louvor.
Meu último amor em forma de canção...


Para B.I.

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