Hoje é dia de cantar.
Está tudo preparado.
Os amigos me esperam com a alegria de um pai ao filho prestes a nascer.
Levo comigo uma garrafa de poesia
e um aguardente de libido...
Tenho em meu chapéu todos os vícios do mundo.
Na gravata estão pendurados todos os demônios da noite.
E meu paletó esconde os incensos que embriagarão a todos.
Hoje é dia de canto.
Um beco, uma viela, uma rua qualquer...
Lá faremos festa, com aquelas mulheres sadias
e com os camaradas mais jovens.
Uma baixeza que só.
Cantaremos, beberemos e faremos
tudo aquilo que não nos é possível fazer.
Voltaremos para casa somente quando o Sol
começar a iluminar nossa escuridão.
E então dormiremos durante todo o dia.
Como morcegos. Como ladrões.
E continuaremos a enganar nosso espírito,
tirando ele da bela vida sensata, de mula,
aquela vida que nos faz ficar 15 anos de cama,
morrendo de falência múltipla dos órgãos...
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