segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Ante-véspera de Natal

São prantos os cantos do poeta.
E choro, e lástima.
E murmúrio solitário.

Decerto que trocaria o copo apoiado sobre a mesa.
Decerto, tenho certeza, que trocaria por um beijo o seu lamento.

Mas parece que a Musa,
já sabendo do poeta o seu ofício do sofrer,
lhe abastece, bem contente, desta lástima
infinita que o poeta finge ter.

Pois que os amores do poeta são inventados,
e o seu pranto é placebo à solidão.
Mas que ele vive dessa dor dissimulada
é verdade, embora não haja nisto razão.

Eu só escrevo porque eu sei não ser poeta.
Eu escrevo porque o poeta não escreve.
Não interrompe o seu sono, não se mede
por uma frase ou por uns versos corrompidos.

Escrevo porque quero ser poeta.
Porque eu quero, e desejo e necessito.
Ser o poeta que deserda de seu íntimo
em prol da Poesia que lhe dá maior perigo:

o Amor..

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