quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Moça Branca VIII - Canto só

Como eu queria que você viesse!
Como eu queria tê-la em meus braços!
Já não me basta mais o sonho,
nem os delírios do poeta nefasto!

Moça Branca, mulher de mim.
Tu me levaste o que eu tinha de melhor...
E a poesia descabida é ventura,
cobertor da dor de estar sempre só!

Doce volúpia em minha boca.
Eu não lhe sinto nem lhe posso sentir, eu sei!
Estou na Lei dos escreventes fracos do amor.
A Lei mais bela dos parcos beberrões!

Canto só e tristonho,
louco de pedra a desejar quem já amei!
Impossível é tirar do peito as belas canduras,
as belas alvuras com as quais Afrodite brindei!

Choro eu, cá no porão dos aflitos.
Mas não me importo em estar sempre só e são.
Que minha loucura é pelas saias que giram
e pela boca vermelha a me desvairar em prontidão.

À Moça Branca rendo meus prantos
com a saudade dos seios que nunca tive;
com a ternura do amante incendioso
e do libidinoso que não resiste...


Para M.

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