domingo, 27 de janeiro de 2013

Parto para chegar

Me vou embora,
que não me cabem mais
as algemas de não ser-te.
Já não me detenho em buscá-la em outros cantos
que não aqueles de minha casa e nosso corpo.

Estou cansado dos louvores sinuosos
que eu canto ao teu corpo e ao teu peito.
Não sou o que te perde e o que te acha,
e por isso me vou,
vou-me, mesmo que eu me desfaça contrafeito.


O amor, em mim, tem duas faces.
A que se foi e a que aqui está, e permanece.
Tu me foste um sonho bom que hoje desperta.
E hoje só tenho a parte que me anoitece.

Se vou tecendo retalhos
da poesia que, sucinta, escrevo,
é que te quero sempre, ainda que pouco,
balbuciando em minhas entranhas o que ainda não me dizes.

Mulher, se hoje somos infelizes,
o tardar da dor no peito é somente culpa tua.
Estou aqui, à tua espera,
na paixão que galanteia e reverbera
a delícia de nossas almas nuas.


Para a13.

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