sábado, 21 de julho de 2012

Para os fazedores de estragos




É a Tristeza mãe da Poesia.
O poeta é somente barriga-de-aluguel;
parteiro, premiado co'a dor de parto;
puta, meretriz; gente da vida.

Não me diga que há aqueles que escrevem sem dor.
Não creio. Não creio. Não há motivo para crer.
O poeta come e bebe daquilo que mata;
daquilo que transgride, que liberta e o faz fenecer.

A Poesia é filha da Dor, filha da Tristeza.
É feto abortado sem o mínimo amor.
É criança que cresce sem nunca ver a Beleza.
É a hipocrisia revelada pela farsa do ator.

E por isso sou poeta,
e por isso canto alto as baixezas de minha vida:
ao contrário do raso lago que são as almas,
das alegrias vindas de palmas,
cavo profundo minha própria ferida.



Para meu grande amigo e mestre Helber Gonçalves.

Um comentário: