sábado, 26 de janeiro de 2013

Migalhinha

Estampo agora em meu rosto um sorriso de mentira.
Já foi-se o tempo em que eu dizia só verdades.
Hoje ninguém precisa saber do meu eu,
nem eu.

Deixo o tenebroso às sombras do meu intracorpo.
A tenda do meu circo é colorida por guirlandas,
mas na arena do meu peito é o estrume que opaca.

Qual o problema de ser belo e feio ao mesmo tempo?
Não há motivos para sorrir.

O homem que sorri é o mais são!
E o poeta não é são! é a-são! é não! negação!
O homem que sorri, sorri por saber mais da tristeza,
e por ela ter amizade complacente.

Eu sou poeta, verme-indizente.
E choro minhas verdades na brancura das desverdades.
Clamo por meus poemas sorrindo o estoque que tenho.
E não me abate o meu eu, que já não é.

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